domingo, 13 de março de 2011

Carta de Navegação

Em primeiro lugar há que Acreditar
na forma redonda em que se ergue uma onda
no som da espuma quando se espreguiça
no certo respirar do mar

Depois vem a simplicidade do Olhar
paz que se afirma em crença alheia
infinitas maneiras de não ser
olhos nos olhos, doce feitiço de almas gémeas

A seguir, criar o jeito de não iludir
não furtar o que se desajustou
de Alguém que canta quando dança
e ao dançar reconhece o caminho

Logo virá o dom de não dizer mal
maldição no maldizer, triste
de quem jura falso testemunho
cadáver adiado que se anuncia

E ai do que se atreve a matar
porque esse haverá de morrer
sobras do sofrimento em que agiu
queda profunda nos abismos da mente

E se mente e não se redime
não sonha com substancial vacuidade
não conhece a doce ilusão da vida
e tenta explicar mais do que sente

pensa que sabe quando escreve
não ouve o silêncio do coração ao bater
não acerta o passo ao marchar
e, sobretudo, se Deus não o chamar

Então, de pouco lhe valerá a música,
musa única.


Luis Santos
5/3/2011

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