domingo, 10 de outubro de 2010

Medo do Caos

O Grito (Edvard Munch)
O homem religioso é sedento do ser. O terror diante do «caos» que envolve o seu mundo habitado, corresponde ao seu terror diante do nada. O espaço desconhecido que se estende para lá do seu «mundo», espaço não-cosmisado porque não-consagrado, simples extensão amorfa onde nenhuma orientatio foi ainda projectada, e portanto nenhuma estrutura se esclareceu ainda - este espaço profano representa para o homem religoso o não-ser absoluto. Se, por desventura, o homem se perde no interior dele - sente-se esvaziado da sua substância ôntica, como se se dissolvesse no Caos, e acaba por extinguir-se.

Mircea Eliade, O Sagrado e o Profano, 2006, Livros do Brasil, Lisboa, p.76

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